segunda-feira, 29 de setembro de 2008

OS TRÊS CONSELHOS



Um casal de jovens, recém-casados, era muito pobre e vivia de favores num sítio do interior. Um dia o marido fez a seguinte proposta à esposa:
* Querida, eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arrumar um emprego e trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável. Nao sei quanto tempo vou ficar longe, só peço uma coisa: que você me espere e, enquanto estiver fora, seja fiel a mim, pois eu serei fiel a você.
* Assim sendo, o jovem saiu. Andou muitos dias a pé, ate que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo em sua fazenda. O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar, no que foi aceito. Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também foi aceito.
* O pacto seria o seguinte: * - Me deixe trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando eu achar que devo ir, o senhor me dispensa das minhas obrigações. Eu não quero receber o meu salário. Peço que o senhor o coloque na poupança, até o dia em que eu for embora. No dia em que eu sair o senhor me dá o dinheiro e eu sigo o meu caminho.
* Tudo combinado. Aquele jovem trabalhou durante vinte anos, sem férias e sem descanso. Depois de vinte anos chegou para o patrão e disse:
* - Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para a minha casa.
* O patrão então lhe respondeu: * - Tudo bem, afinal, fizemos um pacto e vou cumpri-lo. Só que antes, quero lhe fazer uma proposta, tudo bem? Eu lhe dou todo o seu dinheiro e voce vai embora, ou eu lhe dou três conselhos e não lhe dou o dinheiro; Aí você vai embora. Porém, se eu lhe der o dinheiro eu não lhe dou os conselhos. * Se eu lhe der os conselhos eu não lhe dou o dinheiro. Vá para o seu quarto, pense e depois me dê a resposta.
* Ele pensou durante dois dias, procurou o patrão e disse-lhe: * - Quero os três conselhos.
* O patrão novamente frisou: * - Se lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro. * E o empregado respondeu:
* - Quero os conselhos. * O patrão então lhe falou: *
(01) Nunca tome atalhos em sua vida. Caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida;
* (02) Nunca seja curioso para aquilo que é mal, pois a curiosidade pro mal pode ser mortal;
* (03) Nunca tome decisões em momentos de ódio ou de dor, pois você pode se arrepender e ser tarde demais.
* Após dar os conselhos, o patrão disse ao rapaz, que já não era tão jovem assim:
* - Aqui você tem três pães: dois para você comer durante a viagem, e o terceiro e para comer com sua esposa quando chegar a sua casa.
* O homem, então, seguiu seu caminho de volta, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que ele tanto amava. Após o primeiro dia de viagem, encontrou um andarilho que o cumprimentou e lhe perguntou: * - Para onde você vai? * Ele respondeu:
* - Vou para um lugar muito distante que fica a mais de vinte dias de caminhada por esta estrada. * O andarilho disse-lhe então:
* - Rapaz, este caminho e muito longo. Eu conheco um ATALHO que "é dez" e você chega em poucos dias. * O rapaz contente, comecou a seguir pelo atalho, quando lembrou-se do PRIMEIRO CONSELHO. Então voltou e seguiu o caminho normal. * Dias depois soube que o atalho levava a uma emboscada. *
Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, achou uma pensão a beira da estrada, onde pôde hospedar-se. Pagou a diária e após tomar um banho deitou-se para dormir. De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor. Levantou-se de um salto só e dirigiu-se a porta para ir até o local do grito. Quando estava abrindo a porta, lembrou-se do SEGUNDO CONSELHO. Voltou, deitou-se e dormiu. * Ao amanhecer, após tomar o café, o dono da hospedagem lhe perguntou se ele não havia ouvido um grito e ele disse que tinha ouvido. O hospedeiro disse:
* - E você não ficou curioso? * Ele disse que não. No que o hospedeiro respondeu: * - Você é o primeiro hóspede a sair vivo daqui, pois meu filho tem crises de loucura: grita durante a noite e quando o hóspede sai, mata-o e enterra-o no quintal.
* O rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso por chegar a sua casa. * Depois de muitos dias e noites de caminhada, já ao entardecer, viu entre as árvores a fumaça de sua casinha. Andou e logo viu entre os arbustos a silhueta de sua esposa. Estava anoitecendo, mas ele pôde ver que ela não estava só. Andou mais um pouco e viu que ela tinha entre as pernas, um homem a quem estava acariciando os cabelos. Quando viu aquela cena, seu coração se encheu de ódio e amargura e decidiu-se a correr de encontro aos dois e a matá-los sem piedade. Respirou fundo, apressou os passos, quando lembrou-se do TERCEIRO CONSELHO. Então parou, refletiu e decidiu dormir aquela noite ali mesmo e no dia seguinte tomar uma decisão. Ao amanhecer, já com a cabeça fria ele disse: * Não vou matar minha esposa e nem o seu amante. Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta. Só que antes, quero dizer a minha esposa que eu sempre fui fiel a ela. * Dirigiu-se a porta da casa e bateu. Quando a esposa abre a porta e o reconhece, se atira ao seu pescoço e o abraça afetuosamente. Ele tenta afastá-la, mas não consegue. Então, com lágrimas nos olhos, lhe diz:
* - Eu fui fiel a você e você me traiu... * Ela espantada lhe responde: * - Como? Eu nunca te trai. Esperei durante esses vinte anos. Ele então lhe perguntou: * E aquele homem que você estava acariciando ontem ao entardecer? * E ela lhe disse: * - Aquele homem é nosso filho. Quando você foi embora, descobri que estava grávida. Hoje ele está com vinte anos de idade. Então o marido entrou, conheceu e abraçou seu filho e contou-lhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava o café. Sentaram-se para tomá- lo e comer juntos o ultimo pão. Após a oração de agradecimento, com lágrimas de emoção, ele parte o pão e ao abri-lo, encontra todo o seu dinheiro: o pagamento por seus vinte anos de dedicação.

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